Essa é a história do Arthurzinho:
Aos 33 anos engravidei e logo no começo da gravidez eu sentia que algo estava diferente. Era a minha terceira gravidez e eu estava com medo, não sabia o porquê.
Os primeiros exames deram algumas alterações, mas na época de fazer o exame morfológico, eu não consegui data dentro daquela semana que o médico pediu e depois, nós fizemos o exame da pulsão do líquido amniótico e foi constatado que o Arthur nasceria portador da síndrome de Down.
Inicialmente fiquei muito temerosa, aquele medo do desconhecido, como seria dali pra frente, porque eu não sabia se seria só a síndrome de Down, ou se ele poderia ter outras patologias, etc..
O nascimento estava programado para o dia 16 de junho, no entanto, no dia 15 ele parou de mexer e tivemos que fazer cesárea, ele nasceu pretinho porque o coraçãozinho dele estava fraco.
Assim que ele nasceu, o cardiologista do hospital já me falou que ele tinha também alguns problemas no coração, eram três sopros grandes e um canal aberto, seria necessário colocar uma peça no coração dele. Ele foi tratado na própria maternidade por um mês mais ou menos e depois foi transferido para o INCOR, onde o médico falou que seria necessário fazer a cirurgia. Como sou cristã, tudo que faço, primeiro eu pergunto para Deus e Ele falou pela palavra que criou o homem, criou sabedoria pra ele, o homem ia cuidar, mas a cirurgia quem iria fazer seria Ele, eu cri nessas palavras e tinha certeza que aquilo seria cumprido na vida do Arthur.
No início, ele ficou internado na UTI, ele perdia peso por não conseguir mamar mas a sucção fazia com que ele gastasse muita energia, então com cinco meses ele parou de mamar no peito mesmo eu querendo muito amamentar, como fiz com os outros dois filhos. Meu filho era uma criança que ficava muito no colo, por não poder fazer muito esforço, ele não podia chorar, não podia se cansar, não sabia deglutir, não crescia muito, por conta da patologia do coração, tudo foi muito difícil, tanto para eu e meu esposo quanto para os meus outros filhos, mas principalmente para o Arthur.
Ele estava sendo tratado no hospital das clínicas, tomava três tipos de medicamentos pro coração. Quando terminou minha licença maternidade eu precisei voltar a trabalhar. E como meu marido tem problemas de coluna, ficava em casa com as crianças e ia dando os medicamentos conforme o médico orientava.
Quando eu ia ao médico, ele sempre pressionava, falando que tinha que fazer essa cirurgia, mas eu lembrava para o médico da palavra de Deus, que Ele tinha falado que o médico ia cuidar, mas quem faria a cirurgia seria Deus.
Quando o Arthur estava por volta dos 11 meses, o médico o liberou para fazer esforço físico. Na época, eu trabalhava em uma farmácia de manipulação, e conheci uma senhora, chamada Elza (eu preparava os remédios para o neto dela, Marcio Douglas, que tinha algumas patologias, das quais não me recordo ou mesmo desconheço), pelo convívio acabei me apegando à eles. Eu compartilhei minha história com a senhora Elza e perguntei se ela conhecia alguma instituição que pudesse me ajudar, sem imaginar que ela iria me ajudar de outra forma. Ela me indicou que iniciasse as atividades físicas com a natação para o Arthur. Lembro-me dela me dizendo – “Uma coisa que seria muito, muito boa pro Arthur seria a natação, porque ele faria movimentos sem impacto e sem muito esforço físico”.
Eu liguei no telefone que a senhora Elza me indicou e fiz conforme ela falou, não esperei nem mesmo tocar as musiquinhas e já cliquei nos ramais que ela havia me orientado. Foi quando a moça me atendeu e disse que era da Academia Boa Forma no Shopping Continental, ela me perguntou se eu poderia fazer uma aula experimental com o Arthur. Nós fizemos e o Arthur iniciou a natação.
Foi incrível o avanço dele no começo, mas depois de um tempo ele apresentou alguns probleminhas respiratórios e tivemos que parar por um período. O Arthur tinha muitos episódios de internação por conta do coração, depois de voltar para a natação ele teve uma melhora significativa em sua saúde.
O Arthur sempre fez a natação lá na Academia Boa Forma e, isso melhorou muito a marcha dele, o jeitinho dele andar (ele andava mexendo todo o tronco, balançando muitas mãos), a respiração dele deixou de ser muito ofegante, toda essa parte respiratória e motora foi muito boa para a evolução dele.
Após um ano de natação, pela misericórdia de Deus, nós recebemos alta do cardiologista, os três sopros que o Arthur tinha fecharam e o canal que precisaria de colocar uma peça, não precisava mais, assim como Deus falou no começo, que ele faria cirurgia até a peça que não tinha, hoje tem, está lá.
O Arthur é um milagre na nossa vida, eu agradeço muito a Deus por ver essa criança que parecia um vegetal no meu colo, hoje andar, falar, ele ama ir à praia, mergulhar, gosta muito da natação, mesmo às vezes em que ele está doentinho, a natação é um lugar que ele não quer faltar de jeito nenhum e com todas as limitações dele, todos os profissionais sempre cuidaram, tentavam fazer o melhor para conseguir dar uma aula para ele. Hoje eu vejo a evolução disso, a disciplina, ele conseguir mexer braços, pernas, virar a cabeça, respirar, ter vários comandos ao mesmo tempo, o Arthur faz isso bonitinho, a natação ajuda todo o corpo e a mente.
Eu tenho muito a agradecer a Deus e a equipe Boa Forma por toda a dedicação, compreensão que tem com o Arthur, todo o carinho das meninas desde a recepção, o pessoal da limpeza, os professores, a diretoria, a coordenação, eu agradeço muito por esse carinho e por essa oportunidade.